Profissão mais divertida
Não existe neste mundo
Ensinar aos pequeninos
Que o planeta é fecundo
Que é gostoso brincar
Sendo primeiro ou segundo
Em que outro lugar
Você chega todo dia
E é chamada de linda
Abraçada como “tia”
Ganha uma flor amassada
E se enche de alegria?
Mesmo pintada de tinta
Ou toda suja de argila
Você suspira e segue
Toma chá de camomila
E cuida dos machucados
Fingindo ser bem tranquila
Também procura chupetas
Que somem dentro do armário
Abraça logo quem chora
(o saudoso e o solitário)
E vela o sono de todos
Sem lembrar-se do salário
Se o bebê inda não anda
Suas costas vai dobrar
E dizer “vem, pequenino”
Com os braços a balançar
Logo, logo ele caminha
É hora então de pular
Ensina a comer de tudo
A usar garfo e colher
A tomar banho direito
Pra se livrar do chulé
A vestir calça e camisa
A pôr sapato no pé
Quando conta uma história
Sempre faz olho brilhar
Então a turma começa
A mais e mais perguntar
Se não tiver as respostas
Corre logo a pesquisar
A mochila vive cheia
De latas, sacos, barbante...
No carro é tanta sucata
Que atrapalha o volante
Pra na sala dos miúdos
Não haver “aula” maçante
E se precisar atua
E faz qualquer personagem
De coelhinho da Páscoa
A florzinha da paisagem
De Rapunzel a Fiona
De bicho manso a selvagem
Atende a muitos pedidos
Na rodinha de canções
O repertório é bem rico
Da galinha, sete anões
Tem até a da bruxinha
E nada das promoções...
E brinca de faz de conta
De arraia e de pião
De bambolê e de corda
De bila e de avião
Faz comida de boneca
E manobra caminhão
E faz de conta que a vida
É sempre assim tão feliz
Mistura tintas, faz cores
Criando um novo matiz
Pra educar e cuidar
Da plantinha na raiz
E agora é acusado
De ter um tal privilégio
O governo federal
Disse que o cargo é régio
E o professor é culpado
Da crise e do sortilégio.
Ao senhor engravatado
Eu faço então um convite
Quando arranjar um tempo
Venha à creche e nos visite
A não ser que considere
Privilégio amigdalite...
Dalila Jucá
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