Se as coisas fossem mães
Sylvia Orthof
Se a lua fosse mãe, seria mãe das estrelas, o céu
seria sua casa, casa das estrelas belas.
Se a sereia fosse mãe, seria mãe dos peixinhos, o
mar seria um jardim e os barcos seus caminhos.
Se a casa fosse mãe, seria a mãe das janelas, conversaria com a lua sobre
as crianças estrelas, falaria de receitas, pastéis de vento, quindins,
emprestaria a cozinha pra lua fazer pudins!
Se a terra fosse mãe, seria a mãe das sementes,
pois mãe é tudo que abraça, acha graça e ama a gente.
Se uma fada fosse mãe, seria a mãe da alegria, toda
mãe é um pouco fada… Nossa mãe fada seria.
Se uma bruxa fosse mãe, seria mamãe gozada: seria a
mãe das vassouras, da família vassourada!
Se a chaleira fosse mãe, seria a mãe da água
fervida, faria chá e remédio para as doenças da vida.
Se a mesa fosse mãe, as filhas, sendo cadeiras, sentariam comportadas, teriam “boas maneiras”.
Cada mãe é diferente: mãe verdadeira ou postiça,
mãe vovó e mãe titia, Maria, Filó, Francisca, Gertrudes, Malvina, Alice, toda
mãe é como eu disse.
Dona Mamãe ralha e beija, erra, acerta, arruma a
mesa, cozinha, escreve, trabalha fora, ri, esquece, lembra e chora, traz remédio
e sobremesa…
Tem até pai que é “tipo mãe”… Esse, então é uma
beleza!
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