O que é ser professor?
Ser professor... uma
geografia da disposição, da relação.
Para mim, ser professor
é uma escolha.
Pensar nessa figura,
nesse habitante da escola, é pensar em alguém que escolheu dedicar seus passos
aos outros. Um habitante que se confunde com a própria escola, que se torna um
espaço de atravessamento dos outros, dos saberes, das culturas. Esse habitante
é o parceiro, o companheiro, aquele que desafia, que frustra, que apresenta
caminhos.
Aprendi a ser professor
sendo professor. Tornei-me professor quando percebi que ser professor não é
professar linhas, métodos ou didáticas. Ser professor é abrir-se ao outro, às
relações. Ser professor é ter uma disposição, uma disponibilidade para ser
atravessado pelo mundo. É deixar de ser e ser um outro a todo instante.
Aprendi a ser professor com olhares, com gestos, com as palavras de meus estudantes. Sempre soube que ser professor era colocar-se entre um ensino e uma aprendizagem... um lugar onde a educação é relação... daqueles que se dispõem a atravessá-la. Um espaço de “ensinagem”, da união entre ensino e aprendizagem. Nesse espaço, o professor é estudante, o estudante é professor, a escola é a afirmação de um espaço relacional.
Aprendi a ser professor com olhares, com gestos, com as palavras de meus estudantes. Sempre soube que ser professor era colocar-se entre um ensino e uma aprendizagem... um lugar onde a educação é relação... daqueles que se dispõem a atravessá-la. Um espaço de “ensinagem”, da união entre ensino e aprendizagem. Nesse espaço, o professor é estudante, o estudante é professor, a escola é a afirmação de um espaço relacional.
Gosto de pensar e
conviver com um professor que provoca encantamentos, mas que também se deixa
encantar por seus estudantes. Encantamentos pelos temas de trabalho, por seu
estudo, pelas crianças, por suas escolhas. Alguém que se dispõe aos
encantamentos. Um encantamento que movimenta, provoca, desloca, faz com que
queiramos sempre mais.
Para ser esse habitante
da escola, é preciso provocar e ser provocado. É essa dinâmica, esse jogo, essa
relação, que transforma o professor em estudante! Professor-estudante que se
joga nas brincadeiras, nas relações, que dá limites, fronteiras, espaços, que
cuida de seu grupo, que cuida de cada um que convive com ele. Alguém que se
joga na cultura, enriquece linguagens, compromete-se com as suas escolhas.
Professor-estudante
precisa de estudo. Tem de se jogar nas letras e livros, nas imagens e sons, nas
ideias e pensamentos, nas conversas e discussões. Ler, escrever, discutir,
escutar música, ver filmes, saber e sentir as coisas que passam pelo mundo
afora... São condições para a ampliação das linguagens que se constroem dentro
do espaço escolar.
Pensar no que
representa ser professor é pensar na minha vida, com toda a intensidade, todo o
afeto e todo o carinho que sinto por ser esse habitante da educação. Quero
contar uma história vivida... atemporal, sentimental e que expressa a costura
entre ser professor e estudante... das coisas simples e marcantes que essa
relação pode nos provocar, transformando toda uma vida. Ainda bem que eu vivi e
vivo ser um professor!
Marcelo
Cunha Bueno
Disponível em <http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI98389-15565,00.html>
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